Como Professor de Muay Thai e Terapeuta de Ancoragem, percebo que muitas pessoas enfrentam conflitos religiosos ao aderir um esporte ou a um projeto pessoal, buscando um apoio “divino” em competições por exemplo, atribuindo muitas vezes a derrota ou a vitória a Divindade. Citando o Muay Thai, posso afirmar que é na essência uma arte espiritual, entretanto é necessário anos para o praticante entender as profundezas dessa prática.
Existe consenso entre cientistas sociais, filósofos e psicólogos sociais de que a religião é um importante fator de significação e ordenação da vida, sendo fundamental em momentos de maior impacto na vida das pessoas. Os problemas espirituais, afetivos e sociais são demandas importantes na vida de qualquer um, problema de saúde, necessidades financeiras ou até mesmo a realização de um projeto são motivos pelos quais as pessoas recorrem ao santuário e aos santos como se estes fossem uma espécie de “pronto socorro” ou “banco financeiro”, de atendimento integral. Desse modo, ocorre a busca pelo alívio do sofrimento, por alguma significação ao desespero que se instaura na vida de quem necessita.
Espiritualidade diferencia-se do conceito de religião, por ter significado mais amplo. A religião é uma expressão da espiritualidade, e espiritualidade é um sentimento pessoal, que estimula um interesse pelos outros e por si, um sentido de significado da vida capaz de fazer suportar sentimentos debilitantes de culpa, raiva e ansiedade. Religiosidade e espiritualidade estão relacionadas, mas não são sinônimos. Religiosidade envolve um sistema de culto e doutrina que é compartilhado por um grupo, e, portanto, tem características comportamentais, sociais, doutrinárias e valores especificos, representando uma dimensão social e cultural da experiência humana. Espiritualidade está relacionada com o transcendente, com questões definitivas sobre o significado e propósito da vida, e com a concepção de que há mais na vida do que aquilo que pode ser visto ou plenamente entendido.
Alguns estudos demonstraram que existem dois tipos de religiosidade, a intrínseca e a extrínseca. Na religiosidade intrínseca o indivíduo realmente acredita e procura viver sua fé. Trata-se de uma religiosidade madura, saudável e boa, sendo princípio motor de sua vida. Na extrínseca, a religião é um meio para atingir outros fins, como por exemplo, uma conversão com finalidade de casamento, ou por status, ou porque é boa para os negócios e está relacionada à intolerância e ao preconceito. E agora uns questionamentos finais: “Qual o motivo da sua conexão com a Divindade? Será a solução do seus problemas? Eu particularmente gosto daquela expressão popular: “Deus ajuda quem cedo madruga”, ou seja, Deus pode te dar suporte e sustentação, porém sentado você não atingirá seus objetivos.